Por Que os Jogos de Piratas Parecem um Carnaval?

Passaram cinco anos criando jogos online — principalmente nos gêneros pirata e viking — e cada novo título com batalhas épicas e nenhuma profundidade histórica me faz torcer o nariz. Não é porque odeio diversão. É porque a diversão não deve custar substância.

Pense no Foxy Seas: Gold Rush — um sucesso recente em dispositivos móveis com animações deslumbrantes, moedas douradas caindo do céu e um capitão de IA que grita “Avast!” a cada três segundos. É polido, energético, viciante… mas completamente desconectado da história marítima real.

A Ilusão de Profundidade

A maioria dos jogos oferece o que chamo de “autenticidade decorativa”: navios de madeira com dragões esculpidos, bandeiras parecidas com a Jolly Roger… mas nada reflete técnicas reais de navegação, rotas comerciais ou dinâmicas coloniais.

Na verdade, o pirata não era só caçador de tesouros. Era sobre sobrevivência em condições brutais: taxas de escorbuto superiores a 50%, motins frequentes entre a tripulação e navegação baseada em estrelas — não em GPS.

Mas essas realidades são trocadas por clichês monótonos: “Encontre o baú enterrado!” como se fosse assim que os piratas ganhavam dinheiro.

As Mecânicas Reais São Chatas (Mas Mais Interessantes)

Aqui está o truque dos desenvolvedores: substituem sistemas complexos por gatilhos de dopamina.

Em vez de ensinar como calcular latitude com um sextante ou gerenciar racionamento durante semanas no mar — sistemas que poderiam ser empolgantes se bem feitos — você recebe recompensas instantâneas ao clicar em botões como “Navegue para Leste!”

E sim — também fui culpado. No início da carreira, usamos spawns aleatórios de tesouros porque era mais fácil do que simular cadeias logísticas reais.

Mas aqui está a reviravolta: as mecânicas profundas não são chatas — são cinematográficas quando contadas certo.

Imagine um jogo onde sua tripulação começa a morrer de fome na quarta semana no mar, a menos que faça escolhas inteligentes nas cidades portuárias como Port Royal ou Trieste. Ou outro onde padrões climáticos afetam velocidade e moral do barco — baseado em dados meteorológicos reais do século XVII.

Isso não é material didático chato — é gameplay tenso baseado na verdade.

Podemos Ter Diversão e Substância?

Absolutamente — e começa com escolhas honestas no design:

• Substitua quedas falsas por gestão realista de recursos (ex: consertar velas antes das tempestades).
• Use desafios autênticos de navegação como mini-jogos em vez de eventos aleatórios para simular risco histórico sem perder imersão.
• Faça cada decisão importar — não só pelo lucro, mas pela sobrevivência, desenhe narrativas inspiradas em registros históricos reais, e evite clichês culturais inautênticos, não precisa ser perfeito — só precisa ser intencional.

Um Chamado por Narrativas Melhores

Não pedimos precisão museológica. Pedimos respeito pela história como fundação, não apenas vestuário decorativo. Se tratarmos cultura como decoração ao invés de base, os jogos continuarão sentindo-se superficiais — mesmo quando parecem incríveis.

Pegue o próximo jogo pirateiro e pergunte-se: “O que eu realmente estou aprendendo aqui?” Pode ser mais do que entretenimento. Pode ser legado.