Por Que Todos os Jogos de Pirata Parecem uma Caçada ao Tesouro?

Pergunto: já jogou um jogo onde se sentiu verdadeiramente um pirata? Não apenas alguém atirando canhões em baús brilhantes, mas alguém moldado pela história, cultura e consequências?

Não, eu também não.

Como desenvolvedor baseado em Londres, trabalhei em três grandes títulos móveis — dois com temática náutica — e vi o padrão repetir: baús dourados, tiros de canhão, óculos de pano… e zero alma.

O MitO da “Energia Pirata”

Dizemos que os jogadores são “livres para navegar”, mas liberdade sem contexto é apenas barulho. Piratas reais não eram Robin Hood — eram mercenários, criminosos, rebeldes com identidades complexas ligadas ao colonialismo, rotas comerciais e sobrevivência.

Mas na maioria dos jogos? São caricaturas exageradas caçando recompensas brilhantes.

Não é só design preguiçoso — é oportunidade perdida. Temos acesso a arquivos ricos: diários de navios do século XVIII, narrativas indígenas no Caribe, até sistemas legais marítimos que regulavam guerras navais.

Em vez de integrar isso aos mecanismos — como escassez de recursos baseada em ventos sazonais ou escolhas morais durante assaltos a portos — temos mais um menu para “melhorar seu navio”.

E Se a Estratégia Comesse da Realidade?

Criei uma versão experimental onde a moral da tripulação dependia da qualidade da comida e da precisão na navegação durante tempestades no Atlântico. No início não era divertido — mas quando incluí dados históricos sobre tempo e probabilidades reais de motins? De repente sentiu peso. Os jogadores começaram a discutir decisões como capitães reais.

É aqui que está o poder da autenticidade — não como decoração, mas como design sistêmico.

E sim — isso envolve arte no jogo. Quando os mecanismos refletem cultura em vez de explorá-la apenas esteticamente, você não só entreteve — educa sutilmente.

O Risco da Comercialização Cultural

Meu maior problema: todo ano vemos outro evento “festival do pirata” com cosméticos temáticos… mas sem conexão real com tradições marinheiras autênticas do Oeste Africano ou comunidades indígenas do Pacífico.

Por que continuamos explorando estereótipos europeus enquanto ignoramos outros?

Não é diversidade por diversidade — é sobre verdade. E verdade pode ser empolgante quando contada corretamente.

Então O Que Devemos Fazer?

1. Projete com restrições, não conveniência (ex: suprimentos limitados forçam decisões mais inteligentes).
2. Integre lore nos loops, não apenas nos cutscenes (ex: ler cartas antigas desbloqueia missões novas).
3. Faça falhar importar—perdeu seu navio? Talvez fique abandonado com apenas sua inteligência.
4. Use precisão histórica como inspiração — não regra — mas deixe os jogadores sentir consequências além das experiências ganhas.
5. Sim… dê profundidade emocional aos piratas além do “arrrr!”

In short: pare de tratar pirataria como tema visual; trate-a como uma história digna de ser contada — com consequências que vão além dos drops de tesouro.

Isso não é sobre ser ‘sério’—é sobre ser significativo.